Antes que seja tarde

Crônica escrita no dia 15 de abril de 2020.
Autor: Lucas Rodrigues.



(foto autoral, que está disponível clicando aqui)

Aparentemente escrever ou falar sobre essa “nova fase” que estamos vivendo, virou moda. Moda? Sim, moda. Todos querem dar seus palpites, jogar suas frustrações na internet, ou, até mesmo, aproveitar esse tempo para viver um “retiro espiritual”, como já disse a cantora e compositora Manu Gavassi (adoro).

Já que isso de “fique em casa, se puder” virou “tendência”, acredito que devo falar também... ou melhor, escrever algo, que está em mim e já faz um tempo.

Semana passada, ao chegar em casa do trabalho, fui correndo tomar banho, trocar de roupa, para poder sentar em meu sofá e assistir minha “Fina Estampa”, que, inclusive, está matando com uma surra de audiência muitas dessas telenovelas novas que a RedeGlobo vem  produzindo e que após assistir a alguns capítulos, cheguei ao foco dessa minha crônica ou texto (não sei) e senti necessidade de expor um pensamento que me surgiu.

Na trama, a dona Griselda (Pereirão para os íntimos), foi até a faculdade do Antenor (seu filho), deixar alguns cadernos que aparentemente ele esqueceu em casa. Antenor é estudante de medicina em uma das melhores faculdades particulares de uma das maiores capitais do Brasil e é metido a “playboy rico”, mas na verdade, seu contexto é outro, sua vida é outra.

Não, não quero entrar no mérito deles serem pessoas com baixa renda.

E sim que nesse capítulo, Pereirão, ao chegar a faculdade do filho, é posta para fora da instituição aos gritos por aquele a quem ela gerou em seu ventre por nove meses. Mas, por quê? Por vergonha de ter uma mãe que trabalha com “serviços de homem”. Até arrisco um palpite: por não valorizar completamente a genitora que tem.

Dias se passaram, a trama foi ganhado cada vez mais forma, outras coisas aconteceram entre os personagens, até que chega o momento em que Griselda expulsa o Antenor de casa e o garoto se vê  em uma situação em que o colo da mãe faz falta, assim como aquele cheiro de galinha cozinhando na hora de almoço ou aquele beijo de boa noite que ganhava todos os dias. Agora, o estudante de medicina sente saudades da mãe que ele mesmo rejeitou.

"Só vão me dar valor, quando me perderem”, dizia minha avó aos filhos e netos. Enquanto eu olhava a cena da novela, meus olhos encheram de lágrimas. Não por que a cena era emocionante, mas sim, porque aquilo mexeu com a minha memória afetiva e com algo que vem me amedrontando todos os dias: o medo de não saber como será o amanhã. Se teremos a oportunidade de estarmos juntos de novo, ou não.

Não é fácil o momento que estamos enfrentando. E, caro leitor, não venho aqui lhe pôr medo. Vim para te questionar algo: você já disse que ama aquela(s) pessoa(s) (amigo, irmão, mãe, pai, namorado, namorada, etc)?

Se estivéssemos em outros tempos, eu pediria para você beijar, abraçar, ficar colado, etc. Mas, não podemos cometer essa gafe, porque devemos cumprir o isolamento social, proposto pelas autoridades. E, por isso, eu te digo: deixe claro que se importa, não rejeite quem te ama e haja diferente do Antenor. Corra! Corra, antes que o acaso, destino ou esse Novo Coronavírus lhe expulse da vida dela(s) (quem você ama), e você seja obrigado a ficar apenas com as lembranças... com a saudade.

Bom, vou fazer minha parte dizendo que te amo por ler até aqui! E, ah, se puder, fique em casa!

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