Se dando uma última chance - Depoimento sobre os sintomas da depressão


A televisão ligada em um canal de notícias 24h, o ventilador com a hélice girando no nível médio e a rua cheia de carros passando em alta velocidade e, as vezes, buzinando de maneira desgovernada. São os “barulhos” mais comuns que tenho ouvido todos os dias, enquanto tento buscar algum fôlego dentro de mim, para levantar daquela cama confortável e ir - apenas - viver. Há dias que levanto e respiro fundo, mas não há forças suficientes e capazes de parar esse turbilhão de sentimentos.

Um dia desses ouvi no TikTok um cara falando que se não conseguimos liderar à nós mesmos, jamais teremos a capacidade de encabeçar uma equipe. E isso foi estranho pra mim, porque lembrei que há quase um ano atrás, eu conseguia liderar tudo, ao meu jeito. Minha vida era ativa, cheia de exercícios físicos regulares, conversas soltas e românticas com o namorado, saídas com amigos, momentos em família e um trabalho que, apesar dos - grandes - pesares, me fazia brilhar os olhos.

Confesso que não tem sido fácil lidar com o acúmulo de sentimentos e sonhos frustrados. Ontem, sentado com amigos até brinquei falando dos meus anseios adolescentes para quando tivesse 22 anos e com um diploma na mão. Rimos até não aguentar mais, porque infelizmente, é o que tem me restado: brincar com a situação atual em que me encontro, sem perspectiva alguma, inúmeras promessas do emprego dos sonhos, um diploma na mão e há quase um ano dependendo exclusivamente dos pais (não que ser “filhinho de papai” seja uma vida ruim. É só a que eu não espero/quero para mim) em uma cidade, que, graças à deus, me presenteou com uma pessoa, que apesar da minha descrença - em mim mesmo, crer em dias melhores e no meu potencial.

O maior anseio da minha terapeuta é que eu anote tudo o que penso ou sinto, para levar à terapia e resolver com ela, só que não consigo e, quando rabisco algo, sinto vergonha de ter medo de não conseguir algo, de nunca sair do lugar e jamais alcançar o reconhecimento, que tanto sonho. Eu fiz jornalismo para aparecer na TV ou ser ouvido na Rádio, p#!

A sensação que tenho é que quase tudo se esvaiu pelas minhas mãos e é por isso, que me encontro sentado no consultório de um psiquiatra, prestes a dar-me uma última chance de sentir alegria em viver - novamente. Lutei muito para estar aqui e, agora que estou, preciso apenas do nome do remédio. Quero me desafogar logo.

Uma semanas depois…

É estranho estar pegando nesse teclado novamente, para escrever sobre experiências, principalmente, quando consigo ouvir sons tão característicos de coisas, que me lembram um passado não muito distante, em que um sentimento de afogamento se fazia presente nos meus dias “cinzentos”.

Sei que é cedo para falar isso, mas me sinto bem. Estou tomando um ansiolítico, que nos primeiros dias me trouxe dores de cabeça infinitas. Ele parece até um "Metiolate", que dói, mas cicatriza.

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